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Fisiologista defende gramado sintético: “O natural tem mais lesões“

O Diretor de Saúde e Performance da Portuguesa, Dr. Turíbio Leite, se pronunciou sobre a polêmica que tomou conta do futebol nos últimos dias: gramado sintético x gramado natural.

O fisiologista, que foi por mais de 25 anos Diretor do departamento de Fisiologia do São Paulo, afirmou em vídeo divulgado no perfil oficial da Portuguesa, que o gramado sintético tem menor incidência de lesões do que os naturais.

“Essa polêmica precisa ser atualizada porque muitos desses conceitos a respeito do gramado sintético são antigos e vêm do tempo que o gramado sintético era de outra geração. Hoje eu acho que a gente precisa entender e aceitar que a tecnologia evoluiu muito e, consequentemente, a prevenção contra lesões precisa ser revista. Um estudo recente na revista Lancet mostrou que mais de 1.000 atletas observados haviam, pelo contrário, maior incidência de lesões em gramado natural do que no gramado sintético. Essa inclusive é uma evidência que hoje estamos constatando na Portuguesa SAF”, disse Turíbio, que reforçou sua posição a favor do gramado sintético com o argumento de que, em jogos da Portuguesa, nenhum jogador se lesionou. A Lusa manda jogos em gramado sintético.

“Nós temos jogado no Pacaembu, que tem um sintético de última geração, fizemos vários jogos desde o início do Campeonato Paulista e não tivemos nenhuma lesão, muito menos nossos adversários que jogaram no mesmo campo. Então eu acho que é um momento de reflexão e de reconsideração sobre certas possibilidades”, completou.

Campanha contra gramado sintético

A utilização de gramados sintéticos voltou ao centro das discussões no futebol brasileiro na última terça-feira (18), após jogadores da Série A iniciarem uma campanha nas redes sociais intitulada #NãoAoGramadoSintético.

Neymar, craque do Santos, Gabigol, do Cruzeiro, e Lucas Moura, do São Paulo, foram alguns dos atletas que se posicionaram contra a utilização de grama artificial nas competições nacionais.

Em publicação nas redes sociais, grandes nomes do futebol brasileiro como Neymar, Gabigol, Lucas Moura, Thiago Silva, Phillipe Coutinho e Memphis Depay, compartilharam o descontentamento com a utilização do gramado sintético. Veja:

“Preocupante ver o rumo que o futebol brasileiro está tomando. Com o tamanho e representatividade do nosso esporte, esse debate nem deveria existir. Nas ligas mais respeitadas do mundo, os jogadores são ouvidos e investimentos são feitos para assegurar a qualidade do gramado nos estádios. A solução para um gramado ruim é fazer um gramado bom, simples assim. Futebol é natural, não sintético. #NãoAoGramadoSintético”.

Grama sintética no Brasil

O “tapetinho”, como é apelidado por torcedores, passou a fazer parte da realidade do futebol brasileiro, causando grandes discussões sobre impacto no jogo e lesões.

Apesar das polêmicas, o gramado artificial está presente em alguns estádios do Brasil: Allianz Parque (Palmeiras), Ligga Arena (Athletico-PR), Nilton Santos (Botafogo) e no remodelado Pacaembu. O Atlético-MG também pretende utilizar gramado sintético na Arena MRV a partir deste ano.

Para adotar esse tipo de gramado, os clubes precisam ter um certificado de avaliação realizada pela Fifa. Alguns critérios avaliados são o quique e a rolagem da bola, a planicidade, a tração e rotação da chuteira. O parâmetro é o mesmo usado pela entidade para avaliar gramados europeus.

Entre as vantagens desse tipo de gramado está a possibilidade do estádio receber grandes eventos sem prejudicar a prática esportiva, não tendo interferência no estado da grama.

Efeitos do calor na grama sintética

A onda de calor que afeta o Brasil no começo de 2025 tem impacto nas mais diversas áreas, inclusive no esporte. Temperaturas extremas podem afetar a saúde de atletas e profissionais das mais diversas modalidades.

Segundo a engenheira agrônoma Maristela Kuhn, o gramado artificial pode ser perigoso para a prática de esporte em meio a altas temperaturas.

“Os gramados brasileiros são espécies tropicais, bem resistentes ao calor. Claro que o gramado que não tiver irrigação adequada, se for uma irrigação ruim, aí sim, ele não tem como ser usado. Ele vai ficar todo queimado, porque as temperaturas estão muito exageradas”, disse Kuhn em entrevista à CNN Brasil.

Apesar de necessitar de cuidados especiais nos dias de calor extremo, o gramado natural consegue controlar a temperatura do solo.

“A célula da folha de grama transpira, ela libera umidade e ajuda a baixar a temperatura”, explica a engenheira agrônoma.

O mesmo não pode ser dito do gramado sintético, principalmente quando se trata de calor extremo. Segundo Maristela Kuhn, as temperaturas no gramado sintético podem chegar a níveis perigosos para a prática de esporte.

“Uma comparação que a gente pode fazer é a de estar no centro de uma cidade com asfalto e estar num parque com árvores e com gramado. Você vai medir e a temperatura vai ser muito mais baixa. Existem estudos comparando gramado natural com artificial, na mesma situação, mesmo local, a sol pleno, que (indicam que) o gramado artificial vai ter 20, 30 graus a mais que o gramado natural. Então tem uma diferença muito grande. O gramado sintético é uma estrutura plástica. Aí as temperaturas podem facilmente atingir 80, 90 graus. E queimar o pé dos jogadores, como a gente já viu diversas vezes, pela chuteira mesmo. Cria bolha, queima”, alerta.

Problemas crônicos com gramado

O gramado sintético apresenta prós e contras. Mas a sua presença no contexto brasileiro se dá depois de décadas de problemas com gramados naturais.

Exemplo recente disso é o Maracanã, principal estádio do país, que já recebeu duas finais de Copa do Mundo e a decisão da Libertadores em 2023.

Apesar da importância do local, o maior palco do futebol brasileiro sofre com a qualidade do gramado.

Uma questão mundial

As discussões sobre gramado sintético e natural não são exclusivas do Brasil. Nem do futebol.

Nos Estados Unidos, a grama sintética é utilizada na NFL e sofre duras críticas. Em setembro de 2023, depois de uma lesão sofrida por Aaron Rodgers, o sindicato dos jogadores pediu a troca de todos os estádios para grama natural.

Alguns jogadores de futebol também costumam ser poupados em estádios de grama sintética.

Quando atuava no Grêmio, isso aconteceu com Luis Suárez, que tem problemas no joelho e evitou, por recomendação médica, atuar em grama sintética.

Possíveis soluções

O Catar precisou encontrar uma solução para que pudesse sediar a Copa do Mundo de 2022.

Para utilizar grama natural, o país empregou tecnologias que já vinham sendo aprimoradas.

Usou, por exemplo, uma espécie brasileira de grama, que é mais resistente ao calor. Além disso, essa grama recebeu tratamento especial, como irrigação com água do mar dessalinizada e climatização com ar gelado sendo soprado diretamente no gramado.

Quando se trata de temperaturas extremas, existem soluções para os dois tipos de gramado. Seja climatizar totalmente arenas com gramado sintético para amenizar o calor no solo, ou refrigerar artificialmente o gramado natural para que aguente o calor e não sofra danos que impeçam a prática esportiva.

Apesar das opções, a realidade brasileira parece estar longe do ideal. Enquanto isso, o jeito para a onda de calor atual é adotar soluções mais simples, como conclui a agrônoma Maristela Kuhn.

“O que eu vejo no Brasil, que as condições de infraestrutura são menores, é, nesse momento de temperatura extrema, conseguir trocar os horários das partidas, os horários de treinamento para campos que têm iluminação artificial e conseguir fazer à noite. Ou de manhã cedo. Porque aí você não vai ter esse problema do piso extremamente quente”, concluiu a engenheira agrônoma.

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