Após uma noite de trajédia no Chile, a torcedora Victória Barros, de 27 anos, contou com exclusividade à CNN Brasil sobre os momentos tensos vividos no duelo entre o Leao do Pici e Colo-Colo.
A partir do momento que a gente entrou no estádio, tudo começou. Eles tentaram invadir tanto por fora, a área de visitantes, como por dentro
Victória Barros, torcedora do Fortaleza
De acordo com a publicitária, antes da entrada dos brasileiros no Estadio Monumental, os chilenos não eram agressivos, mas depois, começaram a tentar invadir o setor visitante e atirar objetos.
“Eles subiram um alambrado que separa as torcidas dos dois lados usando balaclavas e tentando a todo custo entrar dentro do da área de visitante”, disse.
“Quando eles não conseguiram, começaram a jogar pedras, outros jogaram bebidas. Ficamos preocupados porque não tinha muito policiamento. Sabemos que isso costuma acontecer, mas não nessa proporção”, denunciou.
Victória também conta que antes da saída do estádio, não sabiam sobre a morte dos torcedores chilenos.
“A gente não sabia que os torcedores tinham morrido, descobrimos após a paralização. Tudo isso começou a acontecer bem antes deles falecerem. Foi tudo a confusão no estádio, não sabíamos do que acontecia até entrarem no campo”, declarou.
A saída do estádio também não foi rápida e a falta de segurança também foi um marco.
“Fomos sair do estádio depois das 23h. A gente só foi ter informações muito tarde, ninguém explicava o que estava acontecendo. Hoje estamos um pouco mais calmos e feliz só por estar bem”.
“O nosso desespero foi só a falta de informação, de proteção e segurança que a polícia do Chile nos deixou”, disse.
Por fim, Victória demonstrou estar indgana com o que aconteceu diante da falta de segurança.
“Não existe a gente ir para o estádio e a torcida ameaçar fazer alguma coisa ruim o tempo inteiro. Não conseguimos assistir ao primeiro tempo, porque a gente ficava só com medo de algo acontecer”.
“Às 11 horas, a gente finalmente conseguiu sair, o ônibus saiu com luzes desligadas e sem escolta, porque a polícia do Chile falou que era melhor e era menos perigoso”, finalizou.
A publicitária também demonstrou solidariedade à morte dos jovens.
A gente se compadece, obviamente, e fica muito triste com a morte de dois jovens.
Victória, à CNN Brasil
Entenda o caso
Uma jovem de 18 anos e outra, cuja idade ainda não foi confirmada, morreram antes da partida entre Colo-Colo e Fortaleza, na noite da última quinta-feira (10), pela Copa Libertadores.
O incidente ocorreu durante um confronto entre torcedores e policiais do lado de fora do Estádio Monumental, na comuna de Macul, no Chile.
A confusão começou quando torcedores tentaram invadir o estádio, gritando e arremessando objetos contra a segurança. A polícia respondeu com jatos d’água e gás lacrimogêneo.
As circunstâncias exatas das mortes ainda estão sob investigação, mas a principal hipótese é que as vítimas ficaram presas sob uma das cercas que delimitavam o perímetro do local, devido à multidão que tentava forçar a entrada.
Um veículo policial teria passado sobre a cerca desabada, esmagando as vítimas. De acordo com o ministro da Segurança Pública do Chile, Luis Cordero, um policial foi indiciado pelo incidente, acusado de dirigir o veículo que teria atropelado as torcedoras.
A partida foi interrompida ainda no primeiro tempo, quando torcedores conseguiram quebrar os vidros de proteção da arquibancada e invadiram o campo. Os jogadores do Fortaleza correram para o vestiário e não foram agredidos.
O estádio foi evacuado, e a CONMEBOL tentou retomar a partida, mas acabou cancelando o jogo. O Comitê Disciplinar da entidade deve decidir se a partida será disputada em nova data.
