por que Santa Catarina é referência em goleiros no futsal – LNF

Santa Catarina é referência na produção e desenvolvimento de goleiros de futsal. Entre os grandes nomes da atualidade estão Carlos Espíndola, um dos melhores goleiros da Liga da Espanha, Roncaglio e Willian, campeões da Copa do Mundo em 2024.
Além deles têm Deivão, do Anderletch (Bélgica), Dudu, companheiro de Carlos no Jaén (Espanha), Henrique Barbieri, do ElPozo (Espanha), e muitos outros brilhando no exterior e pelo Brasil.
O ge foi atrás dessas referências para entender por que Santa Catarina revela tantos grandes nomes no setor.

Carlos Espíndola (Jaén – Espanha)

— O futsal catarinense sempre foi o maior criador de atletas para o futsal brasileiro. Tem a ver com o investimento, aqui tem muito mais estrutura para se jogar futsal do que lá em cima em outros estados. Mas acho que São Paulo, nos últimos 15 anos, tá vindo bem forte, tá meio que empatando nessa questão de dar atletas para a seleção e ao futsal brasileiro.

— Acho que tem muito a ver também com os preparadores de goleiros que tem aqui, que sempre ajudaram nessa essa formação. A formação na base é fundamental e se nota depois em quem chega e quem não chega.

Roncaglio (Blumenau)
— No futebol você tem chances maiores chances de errar. Por exemplo, você traz alguém de outra região e tem geralmente o dinheiro para bancar. O futsal você não tem essa situação, você não pode errar. Se você trouxe alguém do Norte, Nordeste, Rio Grande do Sul para Santa Catarina, você vai ter que acertar. Tem que acertar mais do que errar, porque financeiramente o futsal ainda não chega nem perto do futebol.
— E nós temos a matéria-prima. Não é à toa que exportamos jogador pro Brasil inteiro, não só no futsal, no futebol, futebol de areia, qualquer coisa. A gente é formador. E aí, vindo procurar na região do Norte, no litoral de Santa Catarina, a gente vai encontrar grandes jogadores, grandes goleiros. Vai ter que lapidar eles, e eu acho que a gente vem fazendo muito bem.

Willian (Norilsk – Rússia)

— Um destaque nosso é levar o futsal muito a sério. É um estado que tem muitos times na Liga Nacional de Futsal. São polos fortes no futsal na categoria de base, então, isso já impacta também no desenvolvimento dos atletas e no investimento. Temos bons profissionais que ajudam as crianças a evoluírem e conseguirem chegar numa fase de maturação de um sub-20 para adulto e estarem bem preparados para isso.

— A gente tem muitos atletas no estado que sonham em ser jogador de futsal. É muito legal a gente poder ter todo esse investimento que vem da categoria de base até o profissional. Na minha época, o sonho era virar jogador de futsal porque a gente tinha grandes clubes e grandes jogadores para se espelhar. Eu era gandula na época da Malwee (Jaraguá), então vi Tiago, Franklin, o Roncaglio, que era juvenil e já era o terceiro goleiro do adulto. Então acho que é a seriedade com que o estado trata o futsal, com muito profissionalismo.

Além dos atletas, o ge também conversou com Fred Antunes, preparador de goleiros que atua há mais de 30 anos na área, onde vários deles foram em Santa Catarina.
Hoje ele trabalha no Jaraguá, mas também passou pelo Joinville e é membro da comissão técnica de Marquinhos Xavier na seleção brasileira.

Inclusive, todos os goleiros citados acima trabalharam com Fred, tanto por clubes, quanto na seleção brasileira. Ele comparou o mercado da preparação de goleiros do Brasil com o exterior.

Fred Antunes (Jaraguá)

— O investimento dentro de Santa Catarina e da região no Sul, faz com que os goleiros tenham destaque, porque eles têm profissionais capacitados. Como preparador de goleiro, você tem que buscar conhecimento. Essa capacitação faz com que o profissional cresça e contribua pro desenvolvimento dos atletas, fazendo com que eles atinjam o maior rendimento possível nas competições.
— Antigamente os goleiros brasileiros não eram muito bem vistos para trabalhar fora do país. Trabalho há 33 anos como preparador de goleiro, tô na quinta geração de goleiros e sou um dos mais velhos na função hoje. Os goleiros não eram queridos fora, e muito menos os preparadores de goleiros.

— Hoje em dia você vê a diferença dos goleiros brasileiros lá fora, porque saem daqui com uma grande qualidade. E os preparadores de goleiros hoje tem grande saída porque os goleiros saem daqui, mostram um trabalho bem feito lá fora e indicam os preparadores de goleiro. No futsal, nem todo clube tem um preparador de goleiro, principalmente lá fora.
— Vejo os goleiros brasileiros em destaque pelos profissionais e trabalho exercido aqui, em relação aos goleiros europeus e asiáticos.

Além de produzir grandes goleiros locais, o investimento alto dos clubes catarinenses também ajuda a desenvolver atletas que vêm de outros estados, como, por exemplo, os goleiros Nicolas, do Jaraguá, e Matheus, do Joinville.

Ambos foram convocados pela primeira vez para a seleção brasileira recentemente, durante o período defendendo os clubes catarinenses.

Dessa forma, Santa Catarina prova que o investimento para desenvolver cada vez mais o setor pode mudar tanto o patamar de um clube, quanto criar oportunidades para novos craques brilharem no esporte.