Conheça a história do jovem que driblou as dificuldades e criou uma nova competição no futebol de base
Por trás de uma das iniciativas mais ousadas e promissoras do futebol de base paulista, existe uma história que carrega muito mais do que gols, troféus e promessas de craques. A Rubi Cup, fundada em 2024, nasceu do sonho e da coragem de um jovem que, aos 21 anos, decidiu não apenas mudar sua vida, mas também transformar o cenário das competições de base.
Vitor Gabriel Prado Caldeira cresceu entre as dificuldades comuns da periferia. Já foi vendedor de bala, entregador de panfleto e, por muito pouco, não tomou o rumo errado que tantas vezes a falta de oportunidades empurra. Mas foi justamente ali, entre a necessidade e a vontade de vencer, que nasceu o seu espírito empreendedor.
“Vi que o mercado estava saturado de mais do mesmo”, conta Vitor. “Todo mundo prometia oportunidade, mas sem tato, sem organização, sem humanidade. Eu queria fazer diferente.” E fez.
A Rubi Cup surgiu ainda de forma amadora, mas logo chamou atenção pela organização, transparência e cuidado com atletas e comissões técnicas. Em pouco tempo, o torneio passou a figurar entre os mais relevantes da região. Tudo foi construído com recursos vindos das inscrições e taxas de arbitragem.
O nome da competição também tem significado. “Rubi é uma joia, assim como os jovens talentos que participam do nosso torneio. E toda joia precisa ser lapidada”, explica Vitor. É assim que ele enxerga o papel da Rubi Cup: um ambiente de desenvolvimento real, com foco na formação e não só nos resultados.
A competição já atraiu clubes como Ibrachina, Mauá, Nacional e Prata da Casa, além de contar com a presença de personalidades como o ex-jogador Liédson, que participou das finais no estádio Nicolau Alayon. Não é pouco para quem começou do zero.
Vitor não está sozinho nessa jornada. Ao lado da noiva, Cíntia Braga, ele cuida de todos os setores da Rubi Cup: da organização à arbitragem, das finanças à divulgação. “Colocamos em prática o conhecimento que adquirimos ao longo dos anos e a vontade de fazer diferente”, destaca.
A dupla carrega valores como honestidade, fé, perseverança e humildade, que se refletem não só na gestão da competição, mas também no respeito com atletas, treinadores e famílias.

Vitor já passou por diversas áreas do futebol: jogou, apitou e organizou outras grandes competições, como a Copa Buh e a Paulista Cup. Toda essa bagagem agora serve de alicerce para os passos futuros.
E os planos são ambiciosos. A curto prazo, a meta é ser a melhor competição de base de São Paulo. A médio e longo prazo, o objetivo é ainda maior: a melhor do Brasil – e, quem sabe, uma referência internacional.
A Rubi Cup já trabalha para expandir suas categorias, que hoje vão do Sub-8 ao Sub-17, com expectativa de abrir vagas também para Sub-18, Sub-19 e Sub-20. Além disso, Vitor já vislumbra novos estados, modalidades e projetos de conteúdo, como podcasts, séries e vídeos descontraídos com atletas, inspirado no trabalho do “Fred”, do canal Desimpedidos.
Ao contar sua trajetória, Vitor não fala apenas da Rubi Cup. Ele fala de uma geração inteira que sonha com o futebol, mas que muitas vezes não encontra portas abertas. Sua jornada é um recado direto a esses jovens: é possível vencer sem abrir mão dos seus valores.
“A mudança precisa partir de quem educa”, afirma. “O esporte precisa ser instrumento de transformação, de inclusão, de formação do cidadão, e não só de vitórias no placar.”