Adversário do Manchester City neste sábado (1º), em duelo pela quinta rodada da Copa da Inglaterra, o modesto Plymouth Argyle, 22º colocado na segunda divisão inglesa, já viveu dias mais gloriosos em sua história.
Apesar de nunca ter disputado a elite em 139 anos, há um episódio na década de 1970 que é lembrado como um dos pontos altos da trajetória dos Pilgrims.
Em 14 de março de 1973, o Plymouth recebeu no Home Park o Santos de Pelé, que fazia uma excursão pela Inglaterra.
Um público de 37.639 pessoas lotou as arquibancadas para ver o Rei do Futebol, tricampeão do mundo com a Seleção Brasileira três anos antes, no México.
Contudo, mesmo com todos os lugares já ocupados por britânicos ansiosos para ver Pelé, o amistoso quase não aconteceu. Segundo membros do Plymouth, por “culpa” de dirigentes do Santos.
“Tudo parecia um Carnaval e o estádio estava explodindo. Mas houve um atraso no pontapé inicial e o presidente [do Plymouth, Robert Daniel] entrou furioso no vestiário, reclamando porque o Santos pedia mais dinheiro. Nosso secretário, Graham Little, teve que passar pelos portões coletando notas de 1 libra”, contou o ex-zagueiro John Hore à revista When Saturday Comes.
De acordo com a reportagem da WSC, o valor acordado entre as diretorias para que o Santos jogasse o amistoso havia sido de 2.500 libras. Entretanto, ao ver o sucesso de bilheteria, cartolas do Peixe pediram mais 2.500 para entrar em campo.
O quiprocó nos bastidores foi resolvido e a bola, enfim, rolou.
Ainda que o confronto tivesse caráter festivo, os jogadores do Plymouth encararam a partida como se fosse uma decisão e chegaram a abrir 3 a 0 no primeiro tempo.
“Nós provavelmente éramos mais físicos que eles e não gostaram de algumas das divididas, já que se tratava de um amistoso. Para mim, porém, parecia uma final de Copa da Inglaterra“, lembrou o ex-meio-campista Mike Dowling, que tinha 20 anos na época e foi o responsável por marcar o primeiro dos Pilgrims — Derek Rickard e Jimmy Hinch anotaram os outros dois.
Na etapa final, o Santos reagiu e diminuiu o marcador, primeiro com Pelé, de pênalti, e depois com Edu, após assistência do camisa 10.
Para os torcedores presentes, foi o desfecho ideal: vitória do Plymouth sobre o futebol tricampeão do mundo e a oportunidade de ver o melhor jogador de todos os tempos em ação.

Ao fim do amistoso, uma multidão de pessoas invadiu o gramado em busca de autógrafos do Rei, que tirou sua camisa de mangas longas e sugeriu, com um gesto, para que ele e o zagueiro John Hore trocassem uniformes.
“Eu não pedi a camisa para ele, mas quando ele fez o gesto de trocar eu me vi nas nuvens”, contou o ex-defensor, que teve a missão de marcar Pelé, à BBC.
A peça hoje fica exposta em um quadro no museu do clube, chamado de The Box. Lembrança de um dia inesquecível na vida do Plymouth Argyle, que, neste sábado, diante do Manchester City, tentará adicionar mais um capítulo especial à sua história.