Artur Jorge cita contrato e avalia permanência: “O meu futuro é o Botafogo“

Após a diretoria do Botafogo e seu empresário Hugo Cajuda se manifestarem sobre a situação contratual de Artur Jorge, foi a vez do treinador se posicionar nesta terça (17).

Com ofertas de outros clubes, o português reforçou que tem contrato com o Glorioso, mas deixou o futuro em aberto.

As declarações de Artur Jorge foram reproduzidas pelo jornal “Record”, de Portugal, após o treinador ser condecorado, em Lisboa, com a “Ordem do Infante”, dada pelo presidente português, Marcelo Rebelo de Sousa, no Palácio de Belém. De acordo com o treinador, o “projeto esportivo” será determinante para a sua decisão.

“No momento em que abracei este projeto, este desafio que me foi colocado pelo Botafogo, parti com muita ambição e determinação de poder ter sucesso. Mas superou todas as minhas expectativas. Fui para um campeonato extremamente competitivo, que exige muito do trabalho que temos de ter enquanto treinador, do ponto de vista da equipe, de jogos, do número de competições”, afirmou Artur Jorge.

“Mas foi também uma prova de superação, para podermos ter a consistência necessária para poder vencer um Brasileirão, a capacidade e a coragem para podermos sair vencedores da Libertadores, onde todos os jogos foram de um grau de exigência elevado. Acaba por ser um resultado feliz para mim. Chegar hoje e ter este reconhecimento do país é ainda mais importante. Seguramente que me abre portas e a ambição para poder continuar a lutar por mais. Futuro? O meu futuro é Botafogo. Tenho contrato. O que posso dizer ao dia de hoje é que continuo sendo o treinador do Botafogo”, completou o treinador.

A permanência de Artur Jorge no comando do Botafogo já tornou-se uma novela. De um lado, a SAF sustenta que o treinador tem contrato até 31 de dezembro e que não foi procurada por nenhum clube até o momento. Do outro, o representante do português garante que o clube foi informado de todas ofertas.

Técnico do Glorioso desde abril, escolhido a dedo por John Textor, o português despertou o interesse do mercado pelo bom desempenho do time. Os títulos da Libertadores e do Brasileirão colocaram ainda mais o treinador em evidência. De acordo com Hugo Cajuda, empresário de Artur Jorge, foram quatro ofertas desde outubro.

As versões divergentes começam a partir disso. Nesta segunda (16), a SAF do Botafogo posicionou-se, por meio de nota oficial, reforçando que Artur Jorge tem contrato até o dia 31 de dezembro de 2025 e que “não deu seu consentimento a nenhum clube para falar com nosso técnico e não recebeu nenhuma solicitação para tal”.

“É uma questão sempre muito pertinente (sair e queimar o que conquistou no Botafogo), tendo em conta a leitura que precisamos fazer relativamente à nossa zona de conforto e ao sucesso de uma temporada. Neste momento, não será esse o critério para decidir o meu futuro, uma vez que tenho procurado criar condições para avaliar o projeto em mãos na próxima temporada. Para mim, muito pesa o projeto esportivo. De continuidade, ou de encontrar um projeto que me traga objetivos diferentes ou momentos de superação que me possam desafiar”, disse.

Artur Jorge em partida da Copa Intercontinental
Artur Jorge em partida da Copa Intercontinental • Foto: Vitor Silva/Botafogo

“Estar aqui hoje sendo reconhecido por um país inteiro é um momento ímpar. Mas essa será sempre uma questão a avaliar nos próximos dias. A temporada de 2025 começa rapidamente. Sobre as questões relacionadas com eventuais propostas, tivemos sim uma abordagem de Portugal para perceber qual era o ponto de situação. O meu empresário tem sido o principal responsável por fazer uma triagem de forma a perceber quais as situações mais viáveis, para equilibrar o nosso desejo, a nossa vontade, e o poder desfrutar”, concluiu.

Outros trechos da entrevista de Artur Jorge ao jornal “Record”

Futebol brasileiro
“Partilho da opinião daquilo que é alguma desvalorização do Campeonato Brasileiro. Preferiria ficar no Brasil a trocar por algumas equipes europeias. Senti, e deu-me imenso prazer, poder treinar no Brasileirão. Mesmo com a quantidade de jogos, viagens muito longas, a minha paixão implica a competitividade. E nunca senti tanto isso quanto no Brasil. Para mim, é um campeonato com valor imensurável e que contraria, muitas vezes, o nosso pensamento enquanto europeus. Sobre o futuro? O meu futuro é Botafogo, mas tudo pode acontecer. E também não posso lhe dizer se o contato da equipe portuguesa foi da parte do Sporting. Houve contatos de alguns clubes, inclusive do Catar”.

É uma prioridade voltar ao futebol de Portugal?
“Não diria que dou prioridade, diria só que, aquilo que nesta altura é minha intenção, e poder ter tido a oportunidade de poder sair da minha zona de conforto no ano passado, tenho ambições que passam eventualmente, como prioridades, poder treinar fora de Portugal. Isto porque, em Portugal, se olharmos para a realidade, treinar Porto, Benfica ou Sporting será sempre diferente. Seria, por exemplo, a partir daí que poderia ponderar voltar a Portugal. De outra forma, não”.

Avaliação da temporada pelo Botafogo

“Tivemos uma temporada extraordinária, onde fomos capazes de blindar um grupo de trabalho que teve um comportamento de excelência. Queríamos dar o nosso melhor pelos três troféus em disputa. Sabíamos que era uma temporada extremamente difícil, em um campeonato onde existem oito ou nove equipes que são candidatas ao título. Conseguimos criar um grupo que teve um desempenho acima da média, mas um grupo com uma união extremamente coesa, que fez com que fosse possível atingir e lutar por esses objetivos, que são altos e os mais desejados”.

“Sendo um clube centenário, tem outro valor, um sentimento e satisfação maiores ainda. Acrescentamos uma página dourada na história do clube. Corremos, muitas vezes, lado a lado com o perigo, (também) por chegarmos ao jogo com o Palmeiras e estar em igualdade de pontos. Um campeonato onde o equilíbrio foi muito alto e a margem de erro foi sempre mínima. Mostramos muita capacidade enquanto equipe e a mentalidade ganhadora parece-me ter sido a chave do sucesso, termos trazido uma escola portuguesa, aproveitando todo o potencial do futebolista brasileiro”.

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