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Como atletas e ídolos negros do futsal gaúcho travam a luta contra o racismo nas quadras – LNF

Após episódio de racismo com colega de time em 2024, Willian fez postagem nas redes com foto em preto e branco.
| Foto: 300&60, Divulgação

Aquele olhar de desconfiança, o tratamento diferente sendo aplicado nos mínimos detalhes. E no máximo incômodo silenciado. Aquela atitude que se tornou normal, mas só atinge quem realmente entende que nunca está em pé de igualdade.

Dentro do esporte não é diferente. No futsal, mais ainda. A quadra apertada aproxima a chance do ato, e expõe o alvo como em poucos esportes.

Almir Dupon
Choco, histórico pivô do futsal brasileiro.
| Foto: Almir Dupon

Nem mesmo um astro da modalidade escapou destes atos, uma unanimidade dentro da quadra, que fora dela, foi igualada a nada. Choco é um personagem e tanto, artilheiro por onde passou. Foi campeão do mundo em 1996 pela Seleção e sempre viveu uma relação de carinho com os torcedores do seu time. Mas com os rivais, não era tão fácil assim.

— Teve um jogo que eu entrei, cara, tinha até um macaco pendurado na quadra. E os caras do meu time, que entraram primeiro para a quadra, voltaram para o vestiário para eu não entrar — disse Choco.

Para o ex-jogador, hoje com 54 anos, tudo depende da forma como se reage. Obviamente não é fácil superar esse tipo de situação, mas para quem saiu do futebol na rua, em Viamão, para os grandes palcos do futsal mundial, isso muitas vezes virava incentivo.

— Eu vi aquilo e me deu mais combustível para jogar. Toda vez que acontecia alguma coisa dessas, parecia que os caras me faziam jogar mais ainda — disse o pivô histórico da ACBF.

O olhar da quadra

Os casos não foram, e provavelmente não serão extintos do esporte, mas há, sim, uma grande evolução com relação à conscientização e à prevenção dos crimes de racismo e injúria racial nos ginásios gaúchos.

O Atlântico, de Erechim, tem se empenhado na luta por essa causa, até porque passou recentemente por um caso delicado no Estadual da modalidade. Durante a semifinal do Gauchão 2024, a equipe do Atlântico retirou seu time de quadra após o então goleiro da equipe, João Paulo, afirmar ter sido vítima de ofensas racistas.

Edson Castro
Placa na tela alerta para crimes de racismo.
| Foto: Edson Castro

William Bolt fazia parte daquela equipe, e exalta as medidas tomadas pelo Atlântico para coibir esse tipo de ato dentro do Caldeirão do Galo. Para o capitão do time, o posicionamento da instituição sempre será primordial para que esses atos não ocorram mais.

Edson Castro
William Bolt, capitão do Atlântico, de Erechim.
| Foto: Edson Castro

— No Atlântico eles são muito engajados com a causa. Em volta da grade do ginásio todo tem faixas e adesivos que dizem: “Racismo é crime”, e esse é um jeito de fazer com que os casos sejam diminuídos — disse o ala e capitão do Galo.

Ainda sobre como as instâncias maiores devem agir neste tipo de situação, o jogador falou que espera ações mais severas, punições dignas de um ato que deve ser reconhecido como crime.

— As autoridades precisam punir quando um caso desses acontece. Nós tivemos essa situação com um antigo companheiro de equipe, o João Paulo, no Gauchão do ano passado. Naquela ocasião, o clube foi prejudicado e não conseguiu jogar por um ato que é um crime — disse Bolt.

Edson Castro
Adesivo alerta aos torcedores sobre o crime de racismo.
| Foto: Edson Castro

Interferência no jogo delas

Mesmo diante de tantas situações, a vontade de calar todos que proferem preconceitos e injúrias é maior, e sempre prevalece, seja na quadra, no campo ou na vida. Ivana Santos e Evelyn Silva são atletas profissionais de futsal, e além de lutar diariamente contra o preconceito do esporte feminino, também precisam resistir enquanto pessoas pretas.

Ordep Company
Ivana Santos, atleta da Malgi.
| Foto: Ordep Company

— Dentro da quadra eu ainda não passei por nenhum problema, acredito que pela adrenalina do jogo às vezes a gente tem mais dificuldade de ouvir o que é falado na arquibancada. Mas fora da quadra, muitas vezes. Quando joguei no Paraná, os comentários sobre a cor da pele e o cabelo eram muito comuns — disse Ivana.

A reação a atos de origem racista varia para cada pessoa. Algumas debatem, algumas ficam agressivas, outras se calam. Não existe um padrão reativo para essas situações, o que existe, é um padrão de dor que atinge a todos os negros da mesma forma.

Victoria Hallal
Evelyn Silva em uma partida pela Malgi, de Pelotas.
| Foto: Victoria Hallal

— Eu sempre fui mais quieta, evitava tocar nesses assuntos. Com o tempo, e com as conversas com as gurias eu entendi que precisava me posicionar e tenho feito isso — disse Evelyn.

O futsal é um espaço democrático em sua raiz, que está na lista dos esportes mais praticados no mundo. A defesa de atletas e ex-atletas da modalidade é para que o respeito impere em cada metro de quadra.

Nas falas de Choco, Willian, Ivana e Evelyn é consenso: a consciência é o conhecimento interior que cada indivíduo tem de si mesmo, aquele lugar onde é decidido entre o bem o mal, o certo e o errado, comportamento, sentimento e ações, a partir do viés moral e ético. Consciência Negra é tudo isso, com o adicional de uma luta que perdura há 137 anos, em busca de dignidade, respeito e, principalmente, igualdade.

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