Imagine uma escalada hipersônica ao Monte Kilimanjaro. Shelda Mafuru começou o ano sem nunca ter assistido a uma partida de futsal. Aliás, ela nunca tinha sequer ouvido falar do esporte. Agora, ela está prestes a representar a Tanzânia no topo do mundo.
“Honestamente, eu não sabia nada sobre futsal”, disse Shelda à FIFA com franqueza. “Ouvi falar sobre isso pela primeira vez enquanto estava concentrada com o meu clube [de futebol], o Simba Queens. Depois, recebi uma carta da Federação Tanzaniana de Futebol me convidando para me apresentar à concentração para a preparação para a Copa Africana de Nações de Futsal Feminino de 2025.”
A Tanzânia, que nunca havia disputado uma partida oficial de futsal, era considerada o grande azarão. Surpreendentemente, porém, o Twiga Stars, de Curtis Reid, venceu um grupo que também incluía Madagascar e Senegal, antes de derrotar Camarões e garantir uma vaga na primeira Copa do Mundo Feminina de Futsal da FIFA™.
“Nossa equipe era vista como a mais fraca de todas, principalmente por ser nossa primeira vez jogando”, explicou Shelda. “Mas nosso técnico nos fez acreditar que poderíamos conseguir se nos dedicássemos a isso, então entramos no torneio com apenas um objetivo: nos classificar para a Copa do Mundo. “Sinceramente, não foi fácil, e ficamos radiantes porque o mundo inteiro acreditava que a Tanzânia jamais chegaria à final. A alegria foi imensa, e todas as jogadoras não conseguiram conter as lágrimas de felicidade.”
A Tanzânia estreia nas Filipinas 2025 contra Portugal, uma das favoritas ao título, no domingo, 23 de novembro. Shelda tem grande respeito pelas portuguesas e por sua craque Janice Silva, mas acredita que as jogadoras da África Oriental podem conseguir um bom resultado em Pasig City, na região metropolitana de Manila.
“Respeitamos a habilidade delas e a qualidade das jogadoras que têm”, disse a jogadora de 28 anos. “Janice é uma pivô muito forte, com todas as táticas certas para o futsal. Eu mesma aprendi algumas coisas com ela. Respeito muito a habilidade dela, mas isso não me impede de jogar contra o time dela, porque nos preparamos bem para enfrentar qualquer adversário. “Embora Portugal seja uma boa equipe, também estamos bem preparadas e prontas para lutar. Não chegamos à Copa do Mundo por sorte. Mesmo contra Portugal, podemos vencer. Temos um objetivo: lutar pela bandeira da Tanzânia.”
A Tanzânia enfrentará a Nova Zelândia e o Japão, campeões da Oceania e da Ásia, respectivamente, no Grupo C. “Minha única experiência em futsal é a que adquiri durante a Copa Africana de Nações no Marrocos, além do meu próprio aprendizado assistindo a vídeos e ouvindo nosso treinador”, admitiu Shelda. “Nosso grupo é difícil porque as outras equipes têm jogadoras com experiência em futsal, e até mesmo ligas de futsal em seus países. “No entanto, apesar de tudo isso, ainda temos capacidade para jogar bem. Nada é impossível quando se definem metas. Nossa preparação está focada em voltar para casa com a vitória.”
Shelda está transbordando de orgulho ao entrar em quadra na PhilSports Arena e ouvir Mungu Ibariki Afrika (Deus Abençoe a África), o hino nacional da Tanzânia. “Recebo muitas mensagens da minha família e amigos”, disse a jogadora. “Todos estão felizes com esta oportunidade que recebi e sempre me incentivam a lutar com garra e a ter um bom desempenho. “Não há momento que me emocione tanto quanto ouvir meu hino nacional. Isso me enche de coragem e me faz lembrar que estou aqui por mais de 70 milhões de tanzanianos. Devo lutar por eles; devo vencer por eles. É uma sensação indescritível.”
