Os sorteios da Copa do Mundo sempre provocam reações interessantes. Para alguns, ser colocado num grupo de pesos pesados pode levar a reclamações e resmungos. E aí você tem o outro lado do espectro. É lá que fica o Panamá.
Ao descobrir que o poderoso Brasil, juntamente com as concorrentes Itália e Irã, foram sorteadas para a Copa do Mundo Feminina de Futsal da FIFA Filipinas 2025 Las Canaleras ficaram em êxtase — ninguém mais do que a veterana Gloria Saenz.
O jogador do Chorrillo GFC teve um papel fundamental na conquista de uma das duas vagas do Panamá na Concacaf para o torneio histórico. Faltando apenas um mês para a estreia na PhilSports Arena, em Pasig City, Saenz conversou com a FIFA sobre a alegria do Panamá na classificação e sobre jogar contra os melhores do mundo.

FIFA: Você pode descrever suas emoções depois de vencer a Costa Rica e se classificar para a primeira Copa do Mundo Feminina de Futsal da FIFA?
Gloria Saenz: Foi uma alegria total. Lembro que, antes de sairmos do vestiário, dissemos que a Costa Rica era um time muito bom porque tinha um campeonato lá. Um jogo Costa Rica-Panamá é um clássico em qualquer nível, masculino ou feminino, em tudo. Estávamos ganhando por 1 a 0 e, no intervalo, nosso técnico disse que tínhamos um pé na Copa do Mundo e que não deveríamos deixá-los tirar isso, que tínhamos nosso ingresso na mão. Quando empataram em 1 a 1, não houve tanta frustração como em outras partidas. Marcamos o segundo gol com Laurie [Batista] e, mais tarde, Nadia [Ducreux] marcou o último gol de fora. Foi uma alegria e felicidade tremendas, porque faltava apenas um minuto e sabíamos que estávamos na Copa do Mundo.

Como está a preparação para o Mundial?
Está indo muito bem. O time está realmente unido. Tivemos apenas algumas semanas de treinamento porque muitos de nós estamos jogando futebol 11 contra 11, mas acho que estamos progredindo e focados na Copa do Mundo.
Como é o clima na seleção do Panamá?
Eu diria que somos muito unidas, já que a maioria de nós é um pouco mais velha. Somos uma equipe que leva as coisas a sério, mas também se diverte. Somos uma família.
O Panamá está em um grupo com três das 10 melhores seleções do mundo: Brasil, Itália e Irã. Você se sentiu decepcionado com o sorteio ou mais animado para enfrentar essas grandes jogadoras?
Tivemos um bate-papo em grupo. Estávamos falando sobre o time que todas queríamos enfrentar, e a maioria disse que era o Brasil. Estávamos todos muito animados e queríamos o Brasil. Sabemos que elas são os melhores, então, quando descobrimos que era o Brasil, começamos a escrever umas para os outras e dizer que nossas esperanças tinham se concretizado. Pegamos o Brasil. Sabemos que Itália e Irã também são times muito fortes. O grupo inteiro é forte, mas acho que vamos enfrentá-lo da melhor maneira possível.
Qual é o objetivo do Panamá nesta Copa do Mundo e o que é preciso para alcançá-lo?
Antes de tudo, temos que encarar cada partida com seriedade e da melhor maneira possível. Precisamos ganhar experiência e dar o nosso melhor para avançar para a próxima fase.

Em um nível pessoal, quão animado você está para representar o Panamá nesta histórica Copa do Mundo?
Sim, estou animado e calmo ao mesmo tempo, porque acho que, se eu ficar muito animado, isso pode me prejudicar. Posso ficar tão ansiosa que jogo mal, ou vice-versa. Estou muito ansioso para jogar contra um dos melhores do mundo, e posso me sair muito bem.
Você vai enfrentar Amandinha, Camila, Emilly, Renatinha, Maral Torkman… qual jogadora você está mais ansiosa para jogar?
De todas elas, a que mais vi vídeos – porque agora tudo nas minhas redes sociais é futsal – é a Camila. Admiro o estilo de jogo dela, tudo. Mas, sinceramente, não consigo citar apenas uma jogadora, porque todas jogam bem.

O que você acha do sua companheira de equipe Kenia Rangel como jogadora?
Kenia é uma excelente jogadora. Cresci jogando com ela, ela é como minha irmã no futebol. Crescemos juntas desde pequenas, crescemos no mesmo bairro. Ela é um ótimo exemplo de superação, já que as coisas foram difíceis para ela enquanto crescia. Ela conseguiu seguir em frente. Acho que no jogo contra a Costa Rica, ela nunca pediu para ser substituída. Não sei como ela conseguiu jogar os 40 minutos inteiros. Ela é muito forte fisicamente e joga bem. Se Deus quiser, a Copa do Mundo vai correr muito bem para ela.

Qual é o futuro do futsal feminino no Panamá?
Graças ao torneio classificatório para a Copa do Mundo e à classificação para a Copa do Mundo, agora existe uma liga aqui e tivemos uma temporada. El Bosque Villa 9 foi o vencedor. A esperança é que haja mais ligas para que o futsal feminino possa prosperar. Que prospere economicamente, mas também que receba o mesmo apoio que o futebol feminino.