Eram as letras que faziam uma rainha chorar. Marta pode ter estado em sua sexta Copa do Mundo Feminina da FIFA™, seis prêmios de Melhor Jogadora da FIFA em seu currículo sobrenatural, mas ela caiu em prantos quando o hino nacional brasileiro ecoou em Adelaide antes de sua estreia. “Eu não pensei que iria, mas simplesmente aconteceu”, admitiu ‘A Rainha’. “É sempre super emocionante ouvir o hino nacional. Eu sempre fico com um nó na garganta. Você tenta não chorar, mas eu não consegui me conter.”
A garota com a braçadeira do Brasil no mês que vem, quando elas fazem sua estreia na Copa do Mundo Feminina de Futsal da FIFA™, sabe que tem tanta esperança de se conter enquanto o ‘Hino Nacional Brasileiro’ joga quanto o Irã tem de não sofrer gols contra um time que, surpreendentemente, nunca deixou de marcar em 24 anos de jogos oficiais. Afinal, que chance tem Taty Debiasi, que chorou quando o concurso foi criado, chorou quando foi feito o sorteio e chorou até quando Wilson Saboia anunciou sua convocação.
A especialista em CMB fala sobre enfrentar a Itália, sua terra natal há muito tempo, elogia Emilly, Renatinha, Irene Samper e Janice Silva e avalia a corrida pelo troféu das Filipinas em 2025.
FIFA: Você ganhou muitos prêmios individuais nos últimos anos, jogou muito bem na Copa América e em Xanxerê. Acha que, aos 38 anos, está jogando o melhor futsal da sua carreira?
Taty Debiasi: Não sei se é o melhor, mas acho que tenho conseguido manter um nível de consistência bastante alto há muitos anos. Sinto-me privilegiada porque não é fácil. Aos 38 anos, em meio a tanta qualidade – o nível aqui na Itália melhorou muito, o campeonato está muito forte –, poder chegar a finais e ganhar títulos com o meu clube e a seleção, estou muito satisfeita. Acho que estou perto de estar na melhor forma da minha carreira. Não diria que cheguei lá ainda, porque, na minha cabeça, planejo estar na melhor forma da minha carreira em sete semanas!
Você mora e joga na Itália há muitos anos. Quão animado você está para o segundo jogo do Brasil?
Estou muito animado. Estou particularmente animado porque Itália e Brasil nunca se enfrentaram. Será um jogo sem precedentes. Sei o quanto a Itália trabalha duro. Acompanho a seleção italiana, tive e tenho vários companheiros de equipe da seleção italiana. Estou ciente da habilidade deles. Estou animado e curioso para saber como o jogo vai se desenrolar. Acho que será muito divertido jogar e um espetáculo para a torcida.
Você riu com a Renatinha sobre o sorteio?
(risos) Conversamos um pouco. Ela disse “Não acredito”, mas foi tudo bem descontraído. É uma competição saudável e nós dois faremos o melhor por nossos times.
O que você acha da Renatinha como jogadora?
Ela é uma jogadora incrível. Tecnicamente, ela é uma das melhores do mundo. Ela é única. No um contra um, ela é extremamente boa. Ela é uma garota incrível, uma pessoa incrível. O futsal feminino se beneficia muito de ter a Renata. Ela tem um talento e tanto.
Sobre o que há de melhor no mundo, qual a sua avaliação da Emily?
Meu Deus! Que bom que a Emilly é brasileira. Ela é fenomenal, a melhor jogadora do mundo. Ela tem um talento raro. Ela é muito completa, boa em tudo. Na verdade, ela não é boa só em tudo; ela é muito boa em tudo. Ela é uma das melhores do mundo no um contra um e na finalização, é muito forte defensivamente, muito intensa. Não é à toa que ela é a melhor jogadora do mundo. A Emilly é incomparável.
Brasil, Portugal e Espanha são os três favoritos ao título. O que você acha de Portugal e Espanha?
Espanha e Portugal são adversários muito fortes. Sabemos o quanto eles trabalham duro. Na última vez que jogamos contra Espanha e Portugal, vimos como são difíceis de jogar. Durante anos, tivemos jogos muito equilibrados contra eles, e acho que isso vai continuar. A Espanha é muito boa tecnicamente. Acho que Brasil contra Espanha é um jogo muito aberto, um verdadeiro espetáculo para os torcedores. Além de ser bom tecnicamente, Portugal é muito forte fisicamente e tenta impor esse estilo de jogo. Acho que essas duas seleções são muito boas, mas acho que o Brasil é capaz de enfrentá-las. Acho que o Brasil tem que se concentrar no Brasil. Temos muita qualidade. O Brasil sempre respeita todos os adversários, mas temos que pensar em jogar o nosso próprio jogo, independentemente dos nossos adversários.
Quem você destacaria como o melhor jogador da Espanha e o melhor jogador de Portugal?
Acho que a Irene [Samper], da Espanha. Ela é muito rápida, muito boa com a bola, muito difícil de marcar. Acho que ela está jogando em um nível muito alto agora. De Portugal, acho que é a Janice [Silva]. Ela é uma pivô muito forte e talentosa. Joguei com ela aqui na Itália e vi como é difícil jogar contra ela no dia a dia. Ela é uma jogadora excepcional.
Muitas pessoas veem isso como uma disputa de três equipes pelo título. Você concorda?
Sabemos que sempre há favoritos, mas em uma competição tão importante como esta, uma Copa do Mundo, surpresas sempre podem acontecer. As partidas podem ser tecnicamente desequilibradas, mas podemos ver resultados surpreendentes. Temos que estar sempre ligados, sempre dar o nosso melhor para não escorregar. Acho que Espanha, Portugal e Brasil são três potências – eu colocaria a Itália lá também –, mas acho que algumas outras seleções têm potencial para brigar pelo título. Vimos a força da Argentina, da Colômbia e das seleções asiáticas.
Como você acha que se sentirá liderando o Brasil na Copa do Mundo Feminina de Futsal da FIFA?
(risos) Mandei mensagem para a Amandinha e para algumas outras meninas sobre isso. Quando assisti ao sorteio, fiquei muito emocionada, chorei copiosamente. Fiquei muito emocionada quando a seleção foi convocada também. Escrevi: ‘Se eu estou assim no sorteio, imagina na Copa do Mundo!’ Esta Copa do Mundo será muito emocionante para todos – para todos os jogadores de todas as seleções. É o sonho de vida de todos os jogadores. Todos vão querer aproveitar a competição ao máximo. É super emocionante. Quando ouvirmos o hino nacional, será muito difícil conter a emoção. Tenho certeza de que vou chorar. O que teremos que fazer é não deixar essa emoção, tudo o que estamos sentindo, atrapalhar. Tenho certeza de que não vamos, porque somos experientes, mas vai ser muito, muito emocionante.
Por fim, quem você acha que levantará o troféu?
Estou sempre confiante no Brasil. Em todas as competições que disputamos, estou sempre muito confiante porque olho ao meu redor e vejo Amandinha, Emilly e todas essas jogadoras incríveis com a camisa do Brasil. Penso: ‘Depende de nós. Se dermos o nosso melhor, será muito difícil para os nossos adversários.’ Obviamente, é preciso sempre ter cuidado, respeitar os adversários, mas prefiro pensar no potencial do Brasil.
